Em 14 de setembro de 2021, a HarperOne publicou o livro inovador de Prem Rawat, Ouça a Sua Voz: Como Encontrar a Paz em um Mundo Barulhento. Duas semanas depois, tornou-se um best-seller do New York Times.
Desde a sua publicação há quase dois anos, “Ouça a Sua Voz” vendeu mais de 175.000 exemplares e já foi publicado em seis idiomas – inglês, alemão, italiano, hindi, francês e português – e em breve será publicado em grego. Além disso, em Lucknow, Índia, em 2 de abril, Prem Rawat quebrou o Recorde Mundial do Guinness para um autor lendo seu livro para uma audiência ao vivo. Naquela reunião recorde, 114.704 pessoas o ouviram ler todo o terceiro capítulo de “Ouça a Sua Voz”.
Na época da publicação do livro, nem a HarperOne nem Prem Rawat poderiam prever que o livro iria, apenas um ano depois, atrair um público que não era originalmente considerado um público-alvo – os presidiários brasileiros.
Mas é exatamente isso que está acontecendo.
Uma Ideia Cuja Hora Havia Chegado
Logo após a publicação da versão em português de “Ouça a Sua Voz“, uma inspirada cidadã brasileira, Ivete Belfort, e uma equipe de ativistas sociais em busca da paz que se voluntariaram para o Programa de Educação para a Paz desde 2011 nas prisões brasileiras, tiveram uma ideia convincente.
“Por que não introduzir o livro de Prem Rawat nas prisões?” Pensaram consigo mesmos.
Dada a popularidade do Programa de Educação para a Paz da Fundação Prem Rawat – uma série de workshops que apresenta vídeos de Prem Rawat explorando muitos dos mesmos temas que ele fala em “Ouça a Sua Voz” – a ideia fez todo o sentido para eles. E o momento era oportuno, principalmente porque o sistema prisional brasileiro buscava novas e diferentes formas de atender os mais de 200 mil presos em sua região.
Além disso, a pesquisa confirmou que o Programa de Educação para a Paz já estava trazendo benefícios profundos para os brasileiros encarcerados – reduzindo a ansiedade, aumentando a autoconsciência e valorizando a vida.
E para tornar as coisas ainda mais interessantes, os estatutos prisionais brasileiros são elaborados para incentivar os presos a ler. Tanto assim, que se os presos atenderem a requisitos de leitura de livros claramente definidos, a duração de suas sentenças de prisão tem o potencial de ser reduzida.
Inspirada na mensagem de “Ouça a Sua Voz”, Ivete e a ONG com a qual trabalha. (SATPR) abordou as autoridades penitenciárias brasileiras (FUNAP) e apresentou a eles a ideia de disponibilizar o livro aos presidiários de forma inovadora.
Começando Pequeno, Grandes Resultados
Naquela época, colocar “Ouça a Sua Voz” no sistema prisional brasileiro parecia um tiro no escuro, especialmente porque a FUNAP exigia que autores e editoras doassem um mínimo de 2.000 livros para ser considerado. No entanto, como os fundos eram escassos para a SATPR, o máximo que eles podiam doar na época eram 40 livros. Surpreendentemente, a FUNAP renunciou ao seu mínimo de 2.000 livros e concordou em fazer um teste beta do projeto de leitura de livros “Ouça a Sua Voz” em algumas prisões selecionadas.
Os primeiros programas-piloto começaram em 2022 com apenas 100 livros em cinco prisões. Os resultados foram muito animadores.
Inspirados pelo feedback positivo de presidiários e funcionários da prisão, os voluntários de “Ouça a Sua Voz” iniciaram uma série de campanhas de arrecadação de fundos para que pudessem doar mais livros. Alguns sorteios pontuais e a venda de camisetas e canecas personalizadas arrecadaram dinheiro suficiente para doar outros 400 livros aos presídios de São Paulo. Logo em seguida, a SATPR firmou contrato formal com a Secretaria de Administração Penitenciária e o projeto decolou.
A segunda leva de livros doados permitiu que o projeto “Ouça a Sua Voz” se expandisse para 1.000 presos em 50 presídios por mês.
Uma das inovações do projeto “Ouça a Sua Voz” nas prisões brasileiras é a forma como os livros são apresentados aos detentos. Em vez de apenas emprestar os livros ou disponibilizá-los na biblioteca, é oferecida uma oficina de acompanhamento. Este workshop fornece a estrutura, o apoio e a facilitação que aumentam as chances de os presos receberem o valor total do livro. É semelhante à bem-sucedida estrutura de workshops do Programa de Educação para a Paz. A principal diferença? Capítulos do livro são a peça central do aprendizado em vez de vídeos.
Veja como funcionam os workshops:
- Os presos se inscrevem no programa e recebem uma cópia do “Ouça a Sua Voz” logo após o registro.
- Os presos participam de reuniões semanais de “Ouça a Sua Voz” facilitadas por um detento treinado ou por um voluntário do programa.
- Antes da oficina, cada preso deve ler um capítulo do livro.
- Periodicamente, os presos escrevem suas reflexões sobre o livro e as enviam aos voluntários da SATPR para revisão.
5.Os voluntários do SATPR leem as redações dos presos e fazem recomendações aos funcionários da prisão sobre a redução das sentenças dos presos.
Uma das boas surpresas que se manifestou como resultado do programa prisional “Ouça a Sua Voz” no Brasil é o número de voluntários que pedem para ajudar.
Desde 2020, mais de 3.000 pessoas por ano se candidataram ao voluntariado. O único pré-requisito? Participação no Programa de Educação para a Paz e/ou leitura de “Ouça a Sua Voz” para que entendam o contexto do material que está sendo apresentado aos internos.
Atualmente, cerca de 300 pessoas são voluntárias a cada semana.
Se você quiser participar, clique aqui.
As Métricas do Sucesso
- Os Diretores Penitenciários solicitam regularmente mais livros para suas prisões.
2.Os ensaios de “Ouça a Sua Voz” dos internos falam com entusiasmo sobre o programa.
3.Evidências anedóticas por meio das visitas de Ivete à prisão.
4.Os Diretores da Prisão estão continuamente adicionando novas variações ao programa.
5.O livro está alcançando áreas das prisões brasileiras (ou seja, confinamento solitário e pontos violentos) onde nenhum programa externo foi capaz de acessar anteriormente.
6.A FUNAP quer incluir a leitura do livro em todas as bibliotecas do estado de São Paulo.
7.O estado de Minas Gerais planeja disponibilizar “Ouça a Sua Voz” para seus 100.000 detentos, juntamente com o Programa de Educação para a Paz.
8.Presídios interessados no Programa de Educação para a Paz, mas que não podem oferecê-lo por falta de espaço ou porque os presos permanecem apenas 15 dias, agora têm mais uma opção para oferecer aos seus internos como forma de descobrir a paz pessoal.
Expandindo o Programa
Um dos aspectos mais inspiradores do programa “Ouça a Sua Voz” no Brasil é que Ivete e sua equipe de voluntários estabeleceram um modelo de como levar o programa a praticamente qualquer prisão do mundo – um mundo, aliás, cujo a população carcerária ultrapassa agora os 11,5 milhões.
Eles agora estão disponíveis para consulta e orientação a qualquer pessoa que esteja inspirada a seguir o exemplo.
Se você quiser explorar as possibilidades de iniciar uma iniciativa semelhante em sua cidade ou país, entre em contato com Ivete Belfort ([email protected])
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