O Impacto de Ouça a Sua Voz nas Prisões Brasileiras

Jul 6, 2023

Em 14 de setembro de 2021, a HarperOne publicou o livro inovador de Prem Rawat, Ouça a Sua Voz: Como Encontrar a Paz em um Mundo Barulhento.  Duas semanas depois, tornou-se um best-seller do New York Times.

Desde a sua publicação há quase dois anos, “Ouça a Sua Voz” vendeu mais de 175.000 exemplares e já foi publicado em seis idiomas – inglês, alemão, italiano, hindi, francês e português – e em breve será publicado em grego. Além disso, em Lucknow, Índia, em 2 de abril, Prem Rawat quebrou o Recorde Mundial do Guinness para um autor lendo seu livro para uma audiência ao vivo. Naquela reunião recorde, 114.704 pessoas o ouviram ler todo o terceiro capítulo de “Ouça a Sua Voz”.

Na época da publicação do livro, nem a HarperOne nem  Prem Rawat poderiam prever que o livro iria, apenas um ano depois, atrair um público que não era originalmente considerado um público-alvo – os presidiários brasileiros.

Mas é exatamente isso que está acontecendo.

Uma Ideia Cuja Hora Havia Chegado

Logo após a publicação da versão em português de “Ouça a Sua Voz“, uma inspirada cidadã brasileira, Ivete Belfort, e uma equipe de ativistas sociais em busca da paz que se voluntariaram para o Programa de Educação para a Paz  desde 2011 nas prisões brasileiras, tiveram uma ideia convincente.

“Por que não introduzir o livro de Prem Rawat nas prisões?” Pensaram consigo mesmos.

Dada a popularidade do  Programa de Educação para a Paz  da Fundação Prem Rawat – uma série de workshops que apresenta vídeos de Prem Rawat explorando muitos dos mesmos temas que ele fala em “Ouça a Sua Voz” – a ideia fez todo o sentido para eles. E o momento era oportuno, principalmente porque o sistema prisional brasileiro buscava novas e diferentes formas de atender os mais de 200 mil presos em sua região.

Além disso, a pesquisa  confirmou que o Programa de Educação para a Paz já estava trazendo benefícios profundos para os brasileiros encarcerados – reduzindo a ansiedade, aumentando a autoconsciência e valorizando a vida.

E para tornar as coisas ainda mais interessantes, os estatutos prisionais brasileiros são elaborados para incentivar os presos a ler. Tanto assim, que se os presos atenderem a requisitos de leitura de livros claramente definidos, a duração de suas sentenças de prisão tem o potencial de ser reduzida.

Inspirada na mensagem de “Ouça a Sua Voz”, Ivete e a ONG com a qual trabalha.  (SATPR) abordou as autoridades penitenciárias brasileiras (FUNAP) e apresentou a eles a ideia de disponibilizar o livro aos presidiários de forma inovadora.

Começando Pequeno, Grandes Resultados

Naquela época, colocar “Ouça a Sua Voz” no sistema prisional brasileiro parecia um tiro no escuro, especialmente porque a FUNAP exigia que autores e editoras doassem um mínimo de 2.000 livros para ser considerado. No entanto, como os fundos eram escassos para a SATPR, o máximo que eles podiam doar na época eram 40 livros. Surpreendentemente, a FUNAP renunciou ao seu mínimo de 2.000 livros e concordou em fazer um teste beta do projeto de leitura de livros “Ouça a Sua Voz” em algumas prisões selecionadas.

Os primeiros programas-piloto começaram em 2022 com apenas 100 livros em cinco prisões. Os resultados foram muito animadores.

Inspirados pelo feedback positivo de presidiários e funcionários da prisão, os voluntários de “Ouça a Sua Voz” iniciaram uma série de campanhas de arrecadação de fundos para que pudessem doar mais livros. Alguns sorteios pontuais e a venda de camisetas e canecas personalizadas arrecadaram dinheiro suficiente para doar outros 400 livros aos presídios de São Paulo. Logo em seguida, a SATPR firmou contrato formal com a Secretaria de Administração Penitenciária e o projeto decolou.

A segunda leva de livros doados permitiu que o projeto “Ouça a Sua Voz” se expandisse para 1.000 presos em 50 presídios por mês. 

Uma das inovações do projeto “Ouça a Sua Voz” nas prisões brasileiras é a forma como os livros são apresentados aos detentos. Em vez de apenas emprestar os livros ou disponibilizá-los na biblioteca, é oferecida uma oficina de acompanhamento. Este workshop fornece a estrutura, o  apoio e a facilitação que aumentam as chances de os presos receberem o valor total do livro. É semelhante à bem-sucedida estrutura de workshops do Programa de Educação para a Paz. A principal diferença? Capítulos do livro são a peça central do aprendizado em vez de vídeos.

Veja como funcionam os workshops:

  1. Os presos se inscrevem no programa e recebem uma cópia do “Ouça a Sua Voz” logo após o registro.
  2. Os presos participam de reuniões semanais de “Ouça a Sua Voz” facilitadas por um detento treinado ou por um voluntário do programa.
  3. Antes da oficina, cada preso deve ler um capítulo do livro.
  4. Periodicamente, os presos escrevem suas reflexões sobre o livro e as enviam aos voluntários da SATPR para revisão.

5.Os voluntários do SATPR  leem as redações dos presos e fazem recomendações aos funcionários da prisão sobre a redução das sentenças dos presos.

Uma das boas surpresas que se manifestou como resultado do programa prisional “Ouça a Sua Voz” no Brasil é o número de voluntários que pedem para ajudar.

Desde 2020, mais de 3.000 pessoas por ano se candidataram ao voluntariado. O único pré-requisito? Participação no Programa de Educação para a Paz e/ou leitura de “Ouça a Sua Voz” para que entendam o contexto do material que está sendo apresentado aos internos.

Atualmente, cerca de 300 pessoas são voluntárias a cada semana.

Se você quiser participar, clique aqui.

As Métricas do Sucesso

  1. Os Diretores Penitenciários solicitam regularmente mais livros para suas prisões.

2.Os ensaios de “Ouça a Sua Voz” dos internos falam com entusiasmo sobre o programa.

3.Evidências anedóticas por meio das visitas de Ivete à prisão.

4.Os Diretores da Prisão estão continuamente adicionando novas variações ao programa.

5.O livro está alcançando áreas das prisões brasileiras (ou seja, confinamento solitário e pontos violentos) onde nenhum programa externo foi capaz de acessar anteriormente.

6.A FUNAP quer incluir a leitura do livro em todas as bibliotecas do estado de São Paulo.

7.O estado de Minas Gerais planeja disponibilizar  “Ouça a Sua Voz” para seus 100.000 detentos, juntamente com o Programa de Educação para a Paz.

8.Presídios interessados no Programa de Educação para a Paz, mas que não podem oferecê-lo por falta de espaço ou porque os presos permanecem apenas 15 dias, agora têm mais uma opção para oferecer aos seus internos como forma de descobrir a paz pessoal.

Expandindo o Programa

Um dos aspectos mais inspiradores do programa “Ouça a Sua Voz” no Brasil é que Ivete e sua equipe de voluntários estabeleceram um modelo de como levar o programa a praticamente qualquer prisão do mundo – um mundo, aliás, cujo a população carcerária ultrapassa agora os 11,5 milhões.

Eles agora estão disponíveis para consulta e orientação a qualquer pessoa que esteja inspirada a seguir o exemplo.

Se você quiser explorar as possibilidades de iniciar uma iniciativa semelhante em sua cidade ou país, entre em contato com Ivete Belfort (ivete.belfort@gmail.com)

 

 

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