Contentamento

A compreensão, o entendimento do eu – muita gente acha que essa é uma ideia muito oriental – entender o eu. Não é. É uma ideia humana – entender o eu.

“Quem é você? O que você é?” Todos na face desta terra, mais cedo ou mais tarde, farão a pergunta: “Quem sou eu?” Acima e além de tudo em que nos envolvemos – “Quem sou eu? O que é ser um ser humano?”

Você vem a este mundo – e eu estava pensando hoje: “Para mim, onde quer que eu vá, a vida está passando”. Eu vou para casa, e estou apenas passando. Não estou lá por muito tempo, estou passando. Vou para um país, e estou passando – estou apenas passando.

E antes que você perceba, com vida é a mesma coisa – apenas passando. E é isso que fazemos. E, de certa forma, todas as complexidades de estar na Terra – nossos relacionamentos, nossas ideias, nossos desejos, nossos sonhos – a tentativa de realizar esses sonhos…

Tentando imaginar por que as coisas acontecem do jeito que acontecem, por que as coisas são boas, por que as coisas não vão bem, por que as coisas estão certas; por estão erradas… todas essas complexidades – queremos entendê-las!

Mas nunca focamos no entendimento: “Quem sou eu?” E, a menos que você saiba quem você é, qual é a sua referência? A menos que saiba o que é um ser humano, como você saberia o que um ser humano deve ser?

Mas, o que é um ser humano? Claro, essas são características físicas – mas o que é um ser humano? E qual é a importância de entender o que é um ser humano?

Porque, em nossas aspirações, o que queremos? Existe um estado de ser e, nesse estado de ser, a pessoa se torna sem desejos – sem desejos. Você pode chamar esse estado de “contentamento”, pode chamar de “felicidade”, pode chamar de “paz” – e eu realmente não me importo, porque são apenas palavras.

O que me importa é esse estado. Eu não ligo para as palavras. Ah, mas o mundo está envolvido em palavras: “Fale comigo sobre paz. Você é embaixador da paz”. O quê? A paz está dentro de todo ser humano. E a paz é algo sobre o qual realmente não se pode falar. Precisa ser sentida.

Então, a pergunta agora é: “Nesse processo de sentir o eu, entender o eu, você sente esse estado? Você está nesse estado de equilíbrio?”

Você pode dizer: “Do que você está falando?” Bem, é assim que seu corpo funciona – seu corpo físico funciona assim: se há algo errado, ele lhe dirá. Mas se não há nada de errado, ele nada diz!

A sensação de bem-estar, algumas pessoas chamam de “paz”. Porque não há mais, nem menos, nada está sendo pesado; nada está sendo medido. “Continuar. Viver. Existir.” E estar pleno da sensação de bem-estar, feliz por estar vivo, contente. Essa é a natureza do eu. Essa é a natureza.

– Prem Rawat