Um ser humano

Já antes de você, bilhões e bilhões e bilhões de pessoas já jogaram o jogo que você está jogando. Elas fizeram tudo! O jogo que você joga hoje, elas jogaram. E elas se foram sem deixar vestígios. Como num truque de mágica, desapareceram da face da terra.

As imagens de “bom, ruim, certo, errado, desejos, vontades”, elas passaram por tudo isso. Todas elas fizeram isso. “Eu quero ser bem-sucedido”. Pense comigo: quantos você acha que disseram isso para si mesmos na face desta terra?

“Quero uma vida melhor. Quero um marido melhor. Quero uma esposa melhor. Quero um filho melhor. Quero isso, quero aquilo. Quero ganhar isso. Quero ter sucesso. Quero ser bem- sucedido.” E quantos de vocês realmente acham que elas conseguiram isso? Que foram bem sucedidas e brilhantes? E então se foram. Sem pistas. Desapareceram.

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Hoje, o que você deve analisar é: “O que é isso tudo?” Porque isso tem a ver com paz. É aqui que entra a paz – não para interromper as guerras. A guerra é uma consequência. Para interromper uma consequência, você deve primeiro parar o que está causando a consequência.

Quem já esteve em um barco e teve a incrível experiência de estar em um barco furado vai entender que, se você não tapar o buraco, não adianta ter ideias engenhosas como, por exemplo, pegar o balde e enchê-lo com estilo, com talento, com música, com dança porque isso não vai ajudar.

Você precisa tapar o buraco. Eu uso essa analogia porque eu estava em um barco – não um barco grande, um pequeno – e alguém esqueceu de tapar um pequeno furo Então, lá estava eu, e é claro, não percebemos Mas depois que saímos do cais e seguimos um pouco, a água começou a realmente entrar.

E começamos a nos perguntar: “o que aconteceu?” E você percebe que não adianta gritar com a pessoa: “Seu idiota, como você pode esquecer esse furo?” Porque você poderia perguntar a si mesmo: “Seu idiota, por que você não conferiu?”

Porque não adianta culpar ninguém.. Agora, algo tem que ser feito! Então, o que você faz? Você precisa tirar a água! Você não pode parar. (Na verdade, foi o que eu percebi – não podíamos parar; tínhamos que continuar.) Então chegamos ao cais e, finalmente, foi como: “Ah, ufa!”

Então, estamos tentando corrigir a consequência, mas não o problema que está causando isso.

Todos nós somos seres humanos. Desculpe, o que é um ser humano? Exatamente, o que é um ser humano? Então, vamos ter uma lista de um lado: alguém que luta; diz mentiras; mata o outro; rouba o outro; pensa mal de outras pessoas; pensa mal de si mesmos. Estou errado?

Eu sei que muitas pessoas dizem: “Ah, a paz é impossível”. “Não pode haver paz”. E eu digo a elas: “Ei, com licença. Olhe para o seu boletim. Não parece muito bom. Você está sendo reprovado em todas as matérias. Contaminando os oceanos? Sim. Contaminando o ar? Sim. Contaminando a água potável? Sim. Contaminando os alimentos? Sim.” E a lista continua.

E então, o que é um ser humano? É isso que é um ser humano? Mas deixe-me dizer o que é um ser humano.

Ser humano, um ser humano, é a fonte infinita de alegria. Um ser humano é o palco onde a compreensão pode dançar. O ser humano é a plataforma onde a clareza gosta de habitar. O ser humano é a plataforma onde o entendimento se manifesta. O ser humano é essa plataforma, é esse solo. É onde, se semeado com as sementes do conhecimento, o conhecimento cresce.

O ser humano é aquele veículo que pode amar como nada mais pode amar na face da terra. O ser humano é a fonte dessa beleza que é mais bela do que qualquer outra coisa. Ser humano é aquele onde o infinito reside. O ser humano é a plataforma na qual a luz do entendimento, a luz da alegria – a luz, o farol – brilha.

O ser humano é plataforma na qual a paz dança. Este é verdadeiramente um ser humano. Vida!

E se você concorda comigo – talvez não! Você pode dizer, “Nah”. Eu sei, para algumas pessoas – para algumas pessoas – é a primeira lista.

Mas não. Mesmo que a primeira lista seja verdadeira e válida, a outra é também. A paz nos permite realizar esses potenciais que temos, e é por isso que precisamos de paz em nossas vidas.

– Prem Rawat